O desemprego subiu no primeiro trimestre em relação ao fim do 2024, segundo dados da PNAD: 7% contra 6,2%, segundo o IBGE. Apesar de a elevação ter, em parte, um componente sazonal, ela escancara as desigualdades persistentes no mercado de trabalho brasileiro. Mulheres, jovens, pretos e pardos seguem entre os grupos mais afetados.
– As barreiras de gênero e raça continuam muito fortes quando olhamos para os dados de desemprego. Essas desigualdades persistem ao longo do tempo e se mostram de forma muito clara nos números – destaca André Mancha, economista e gerente da JOI Brasil (Jobs and Opportunities Initiative), iniciativa da J-Pal LAC.
Entre as mulheres, a taxa de desemprego chegou a 8,7%, bem acima dos 5,7% registrados entre os homens. O recorte racial também revela disparidades marcantes: pretos têm taxa de 8,0% e pardos, de 8,4%, ambas superiores aos 7,0% verificados entre brancos.
A situação é ainda mais crítica entre os jovens. Na faixa de 14 a 17 anos, o desemprego atinge 26,4%. Já entre aqueles de 18 a 24 anos, a taxa chega a 14,9%.
A composição da população desocupada também mudou nos últimos anos, reforçando esse cenário de desigualdade racial. No primeiro trimestre de 2012, os pardos representavam 49,0% dos 7,6 milhões de desempregados no país; os brancos, 40,0%; e os pretos, 10,2%. Em 2025, com um contingente estimado em 7,7 milhões de pessoas desocupadas, a participação dos pardos subiu para 50,6%, enquanto a dos brancos caiu para 34,3% e a dos pretos aumentou para 14,1%.
– Em alguns estados, como Pernambuco e Amazonas, a taxa de desemprego entre pretos e pardos chega a quase 14% e 12%, respectivamente. Isso reforça algo que estudamos bastante: os obstáculos estruturais que esses grupos enfrentam para acessar o mercado de trabalho – considera André.
Fonte: Jornal O Globo
19 de maio de 2025