Apesar da alta ante março, taxa é a menor para o mês desde 2021. Reajuste aplicado sobre os remédios e menor oferta de alimentos por conta dos fenômenos climáticos explicam aumentos

Puxada pelos produtos farmacêuticos e pelos alimentos, a inflação acelerou para 0,38% na passagem de março para abril. A gasolina ficou 1,5% mais cara no mês e também contribuiu com o avanço do indicador. O resultado veio acima do esperado pelos analistas, que projetavam 0,35%, segundo Valor Data. Ainda assim, esta é a menor taxa para o mês de abril desde 2021, quando variou 0,31%.

  • No ano, a inflação acumula alta de 1,80%
  • Em 12 meses, o IPCA acumula 3,69%, abaixo dos 3,93% observados nos 12 meses imediatamente anteriores

Os dados fazem parte do Índice Nacional de Consumidor Amplo (IPCA) e foram divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira.

Remédios e alimentos mais caros

Sete dos nove grupos investigados pela pesquisa registraram alta em abril. Os dois maiores impactos vieram dos grupos Saúde e cuidados pessoais (1,16%) e Alimentação e bebidas (0,70%). Juntos, os dois contribuíram com 0,30 ponto percentual do índice de abril.

A alimentação no domicílio ficou mais cara em abril, com os preços acelerando de 0,59% no mês anterior para 0,81% neste mês. O mamão chegou a ficar em média 22,7% mais caro, seguido da cebola, com alta de 15%; o tomate, 14% mais caro; e o café moído, com alta de 3% no custo.

Segundo o IBGE, a menor oferta desses produtos explica o aumento.

— Fenômenos climáticos ocorridos no fim de 2023 e no começo de 2024 afetaram a produção — explica André Almeida, gerente da pesquisa do IBGE.

Já a alimentação fora do domicílio variou 0,39%, semelhante à de março (0,35%). O lanche registrou uma alta menos intensa este mês, de 0,44%, após alta de 0,66% no mês anterior. Por outro lado, a refeição fora de casa registrou variação maior (0,34%) do que a verificada em março (0,09%).

Veja o resultado dos grupos do IPCA:

  • Alimentação e bebidas: 0,70%
  • Habitação: -0,01%
  • Artigos de residência: -0,26%
  • Vestuário: 0,55%
  • Transportes: 0,14%
  • Saúde e cuidados pessoais: 1,16%
  • Despesas pessoais: 0,33%
  • Educação: 0,10%
  • Comunicação: 0,48%

A terceira maior alta em termos de grupo foi registrada pelo setor de vestuário, com avanço de 0,55%. Na sequência ficou Transportes, com alta de 0,14%. Já o grupo Comunicação variou 0,48%, enquanto Artigos de residência registrou variação negativa (-0,26%) e Habitação não registrou variação nos preços (-0,01%).

Em Transportes, um movimento contrários de preços acabou contendo as altas do setor. Houve queda nos preços da passagem aérea, ao passo em que etanol (4,56%), gasolina (1,50%) e óleo diesel (0,32%) registraram altas.

Perspectivas

A inflação deve seguir trajetória de queda ao longo deste ano, avaliam economistas. Segue em curso o processo chamado de ‘desinflação’, que é a desaceleração da alta dos preços. Segundo o boletim Focus, que reúne projeções do mercado financeiro, economistas reduziram marginalmente sua projeção para a inflação do ano (3,72% esta semana ante 3,73% na anterior).

Há, contudo, no radar dos analistas, o movimento de atenção à inflação de serviços impulsionada pelo mercado de trabalho aquecido.

Economistas também estão de olho nos próximos passos do Comitê de Política Monetária que, embora dividido, decidiu pelo corte de 0,25 ponto percentual da taxa Selic, para 10,50% ao ano. Analistas temem que o Comitê adote um tom mais flexível à frente e isso ameace o controle da inflação.

Fonte: Jornal O Globo
10 de maio de 2024