Foi o pior resultado para o mês de julho nos últimos cinco anos, segundo dados do Caged
O mercado formal de trabalho registrou em julho a geração líquida (admissões menos demissões), 129.775 empregos. O resultado representa queda de 32% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram abertas 191.373 vagas com carteira assinada, considerando dados consolidados.
O saldo do emprego formal no mês passado foi o pior para o período dos últimos cinco anos. Em julho de 2020, foram gerados 108.476 postos. Os dados do Cadastro de Empregados e Desempregados (Caged) foram divulgados pelo Ministério do Trabalho (MTE) nesta quarta-feira.
Entre janeiro e julho deste ano, foram criados 1,347 milhão de postos de trabalho, considerando dados ajustados. O saldo também representa queda de 10,3% no nível do emprego formal na comparação com os primeiros sete meses de 2024, que estava em 1,503 milhão.
Segundo a subsecretária de Estudos do Trabalho do MTE, Paula Montagner, a desaceleração do emprego formal é reflexo da alta dos juros no ritmo da atividade econômica — a Selic hoje está em 15% ao ano. Ela cita também as incertezas em relação ao tarifaço do presidente americano Donald Trump sobre as exportações brasileiras.
— A desaceleração é resultado da redução das atividades das empresas, decorrentes da elevada taxa de juros básica, que diminuiu novas contratações, além de incertezas decorrentes de ampliação de tarifas para as exportações — afirmou Paula.
— O tarifaço é um problema, mas a política de juros também é um problema. Precisamos da redução de juros urgentemente, para atividade econômica se manter — endossou o ministro do Trabalho, Luiz Marinho.
Já o economista chefe da Genial Investimentos, José Márcio Camargo, disse que a desaceleração da economia está afetando o mercado, mas que a política fiscal expansionista do governo acaba favorecendo a geração de empregos, sobretudo, no setor de serviços, dificultando o trabalho do Banco Central (BC), em elevar a taxa de juros para segurar a inflação.
— Existe uma desaceleração da economia que afeta o mercado de trabalho. Mas como a política fiscal é muito expansionista, os empregos no setor de serviços continuam fortes. o BC não está conseguindo segurar o mercado de trabalho que depende da demanda, em especial de serviços.
A mesma análise é feita pelo economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE) Fernando de Holanda Barbosa Filho. Segundo ele, o mercado de trabalho ainda mostra uma resiliência muito forte.
—Você não consegue observar um freio na dinâmica do emprego. Os trabalhadores estão conseguindo emprego com mais facilidade e a renda está subindo. O BC deve olhar isso com mais cuidado — disse Barbosa Filho, acrescentando que o volume de contratações nos últimos 12 meses está na casa de 1,5 milhão, patamar elevado.
Ele mencionou que taxa de desemprego, medida pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do IBGE, a ser divulgada nessa quinta-feira, deverá ficar estável. No trimestre de abril a junho de 2025, a taxa estava em 5,8%, o menor índice desde o início da série histórica da Pnad.
O Caged está contido na Pnad, que reúne empregos formais e informais.
De acordo com o Caged, todos os setores da economia registraram saldos positivos em julho, com destaque para serviços, que respondeu por 50.159 postos, seguidos por comércio, com 27.325. A indústria ficou no terceiro lugar, com saldo positivo de 24.426 postos. O setor da construção civil apresentou saldo de 19.066 contratações e a agropecuária, 8.795.
Entre os estados que mais contrataram em julho estão São Paulo, com 42.798, postos; Mato Grosso, 9.540; e Bahia, com 9.436. Já Espírito Santo eliminou 2.381 postos e, Tocantins, 61. No Rio, foram criados 6.119 empregos no mês passado.
A região Sudeste foi que mais empregou, com saldo positivo de 50 mil postos, seguido pelo Nordeste, com 39 mil.
Fonte: Jornal O Globo
27 de agosto 2025