A Secretaria Municipal de Educação (SME) informou que 22.548 alunos ficaram sem aulas na manhã desta segunda-feira (21), devido ao clima de insegurança em comunidades na Zona Norte do Rio de Janeiro. O número é considerado recorde no ano pela Prefeitura do Rio.

Somente na região do Jacarezinho, onde ocorre uma megaoperação das forças de segurança nesta manhã, 2.244 alunos foram afetados. Polícias e as Forças Armadas estão em sete comunidades para prender traficantes e apreender armas e drogas.

Em toda a cidade, ficaram fechadas 31 escolas, 11 creches e 12 Espaços de Desenvolvimento Infantil.

Segundo a SME, as escolas só funcionaram normalmente em oito de 107 dias letivos do primeiro semestre deste ano. Ao todo, 381 escolas municipais ficaram fechadas pelo menos um dia, afetando 131 mil alunos.

Comunidade podia ter aulas, opinou subsecretário

O subsecretário de comando e controle da Secretaria de Segurança (Seseg) do Rio responsabilizou os criminosos pelas 22 mil crianças sem aula na cidade. Ele chegou a opinar que as escolas do Jacarezinho, por exemplo, tinham condiçõesde abrir normalmente.

“Fui consultado e citei minha opinião que elas poderiam abrir porque a comunidade estava estabilizada”, afirma Rodrigo. A declaração foi dada em entrevista coletiva para apresentar um balanço da operação.

 

“Essas 22 mil crianças sem aula estão sem aulas por causa dos bandidos, não por causa da polícia. Se os bandidos não receberem a polícia a tiros – o Estado a tiros, aqueles que tem dever de zelar pela nossa segurança – elas (crianças) terão aula”, disse Rodrigo Alves.

De acordo com ele, a ação foi cumprida seguindo as orientações publicadas na semana passada por Roberto Sá, secretário da pasta. De acordo com a cartilha, os horários da entrada e saída escolares devem ser evitados.

“Toda operação foi desencadeada antes de um horário de fluxo de pessoas, de modo a permitir que quando saíssem para o trabalho não tivéssemos confronto. Nós não tivemos nenhum confronto no horário escolar”, afirmou.

Foram afetadas as seguintes regiões próximas aos locais onde acontecem a megaoperação da polícia:

  • Manguinhos e Benfica: 5.685 alunos de 6 escolas, 4 creches, 2 Espaços de Desenvolvimento Infantil ficaram sem aulas;
  • Higienópolis: 3.479 alunos em 6 escolas;
  • Maria da Graça: 850 alunos de 1 escola;
  • Rocha e Triagem: 1.455 alunos de 2 escolas e 1 Espaço de Desenvolvimento Infantil;
  • Jacaré e Jacarezinho: 2.395 crianças e adolescentes de 4 escolas, 4 creches, 2 Espaços de Desenvolvimento Infantil.

Nas áreas onde atuam as forças de segurança, os mais afetados são:

  • Complexo do Alemão: 5.604 alunos de 5 escolas, 1 creche e 6 Espaços de Desenvolvimento Infantil ficaram sem aulas;
  • Del Castilho: 1.502 alunos de 4 escolas e 1 Espaço de Desenvolvimento Infantil;
  • Cachambi: 274 alunos de 1 escola.

Além desses locais, alunos também ficaram sem aulas no Complexo do Chapadão, onde há 1.304 alunos de 2 escolas e 2 creches sem aulas.

Presos na megaoperação

Desde o início da manhã, as Forças Armadas e as polícias já prenderam 18 suspeitos, inclusive um soldado do Exército. A operação acontece nas favelas de Manguinhos, Bandeira Dois, Jacarezinho, Parque Arará, Mandela e Condomínio Morar Carioca e Alemão, na Zona Norte. O objetivo é prender 14 traficantes, além de armas e drogas.

Foi preso o soldado recruta do Exército Matheus Ferreira Lopes Aguiar, de 19 anos, suspeito de vazar informações das operações para traficantes do Rio. A prisão foi feita por agentes da Delegacia de Combate às Drogas (Dcod), logo no início da manhã.

Operações perto de escolas

Como operações das polícias Militar e Civil do Rio têm sido recorrentes, a Secretaria de Estado de Segurança determinou, na semana passada, que durante as incursões as instituições não poderão basear agentes, durante operações, dentro de escolas e hospitais perto de suas entradas.

A recomendação foi publicada na terça-feira (15) como orientação para as tropas das corporações e é assinada pelo secretário de Segurança, Roberto Sá. Os agentes também não deverão desencadeá-las, “sempre que possível”, durante o horário de chegada ou saída dos alunos.

Na publicação, Sá ressalta a polícia deve proteger “toda e qualquer pessoa que não represente ameaça de morte ou de lesão corporal grave a terceiros ou a policiais” e ainda terem atitudes “não discriminatórias” com as pessoas que vão se deparar. O documento também pede para que a proteção da integridade física prevaleça sobre a prisão de um infrator.

 

Fonte: g1.com