Diante do avanço de casos do novo coronavírus, o Ministério da Saúde busca alternativas para garantir ampliação de leitos de UTI e equipamentos essenciais ao tratamento de pacientes, como respiradores.

A pasta subiu o tom na segunda-feira e disse querer impedir exportações de produtos usados para enfrentar a doença, além de passar a considerar a requisição de leitos ociosos da rede privada para atender pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).

O ministério estima contar com 27,4 mil leitos de UTI no SUS. A taxa de ocupação é de 78%. São ainda 46.663 mil respiradores na rede pública. O acesso aos leitos é uma das maiores preocupações de autoridades da saúde para combate à pandemia. Somando as redes pública e privada, o Brasil tem 55,1 mil leitos e 65.411 respiradores.

No início da semana, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que a estimativa é que os casos cresçam no país até junho. Segundo as estatísticas, ao menos 5% dos pacientes que contraírem o vírus precisarão de internação na UTI. Hoje, o Brasil tem 428 pessoas doentes e já registrou ao menos cinco mortes.

Ontem, o Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Camex) do Ministério da Economia aprovou a zeragem da alíquota do Imposto de Importação para 50 produtos médicos e hospitalares necessários ao combate à pandemia causada pela covid-19, entre eles os respiradores.

Para Diogo Leite Sampaio, vice-presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), é “difícil” dizer que a oferta atual de leitos e equipamentos é satisfatória, pois dependerá da evolução do número de casos que o Brasil tiver pela frente.

“Não dá para dizer que seja suficiente. Se atingir um pico (de casos), não vai ser suficiente nunca. O que o Ministério da Saúde nos disse é que está procurando forma de importação rápida de suprimentos. Não só respiradores, mas máscara, medicamento”, disse Sampaio.

Na opinião dele, o mais importante é pensar em formas de reduzir a desigualdade no acesso aos leitos de tratamento intensivo, além de planejar ações para cenários de surto da doença, como cancelar cirurgias mais leves, montar hospitais de campanha e locar estruturas da rede privada.

O governo federal custeará a instalação de 2 mil leitos específicos para combate à covid-19 nos Estados. A proposta é usá-los apenas para o novo coronavírus. Serão R$ 396 milhões investidos para locar os equipamentos exigidos para montar os leitos e mais R$ 260 milhões para manutenção por seis meses destas estruturas, diz o ministério.

Como o jornal O Estado de S. Paulo antecipou, o governo decidiu no último fim de semana instalar os primeiros 540 leitos. A primeira leva será distribuída conforme a população de cada Estado, desde que cada unidade federativa recebe ao menos dez leitos. Em São Paulo, Estado mais populoso, serão instalados 118 quartos.